Eis que surge mais um filho mal quisto na cena política brasileira e não se sabe até agora quem é o pai? O filho já tem nome: Dossiê do FHC. Por enquanto a única coisa que posso afirmar é que ele foi divulgado, em primeira mão, pela revista Veja. E assim foi também com relação àquele outro, às vésperas das eleições de 2006. Certo dossiê montado pelo PSDB, que por sua vez jogou no colo do PT e disse que era um dossiê do PT contra o PSDB o que mais tarde soube-se que não era do PT, mas do PSDB, diferentemente do que a revista divulgou.
Assim como em 2006, novamente a Veja traz reportagem polêmica envolvendo o governo apresentando documentos obtidos de fontes não reveladas e sem apresentar uma única prova. Esse tipo de procedimento tem virado rotina no semanário que cada vez mais é acusada de criar factóides para incriminar A ou B.
O premiado jornalista Luís Nassif está publicando em seu blog o que ele chamou de “Dossiê Veja”: Trata-se de uma série de matérias que analisa a história da revista e os principais episódios protagonizados por ela. O trabalho é resultado de anos de pesquisa por meio do qual o jornalista faz um check-up do fenômeno denominado por ele de anti-jornalismo. Nesse dossiê o jornalista afirma: “O maior fenômeno de anti-jornalismo dos últimos anos foi o que ocorreu com a revista Veja. Gradativamente, o maior semanário brasileiro foi se transformando em um pasquim sem compromisso com o jornalismo, recorrendo a ataques desqualificadores contra quem atravessasse seu caminho, envolvendo-se em guerras comerciais e aceitando que suas páginas e sites abrigassem matérias e colunas do mais puro esgoto jornalístico”. Em entrevista a revista Caros Amigos, Nassif fala que os diretores e editores da Veja descobriram que polêmicas envolvendo personagens conhecidos faz aumentar a vendagem da revista, e mesmo que a pessoa atingida entre na justiça e ganhe o processo, compensa pagar a indenização. “Você olha e vê prepotência, falta de escrúpulos, falta de respeito...”, diz o jornalista.
Desta vez a revista alega que teve acesso a um suposto dossiê que teria sido preparado pelo governo para intimidar a oposição na CPI dos Cartões Corporativos. O suposto dossiê traz informações sobre os gastos com suprimento de fundos durante o governo Fernando Henrique. Cita gastos com caviar, champagne, viagens e outras futilidades. Dizem os críticos da revista que o real objetivo da reportagem é acusar o governo Lula de chantagista e atingir a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), já que é um dos poucos nomes fortes que sobraram no governo para a sucessão de Lula. A revista diz com todas as letras que o documento ao qual teve acesso foi “construído dentro do Palácio do Planalto”, mas não apresenta nenhuma prova ou indício para sustentar estas afirmações.
Depois de mais um fenômeno nada insólito na política brasileira, em que parlamentares do PT e PSDB disputavam cargos na CPMI que investigará irregularidades nos governos dos próprios partidos, é chegada a hora do “toma que o filho é seu”. Tucanos acusam o governo de ter criado o tal Dossiê do FHC para contrabalancear a situação dos cartões coorporativos. Petistas acusam os tucanos de novamente estarem criando um dossiê contra eles mesmo, jogando a culpa no Palácio do Planalto para ficarem na posição de vítimas e desqualificar o governo.
Resta saber de quem é esse filho e, pior, quantos ainda virão. Em ano de eleição, com essa bipolarização da questão partidária no Brasil o nível vem correndo em níveis rasteiros. Mas quanto a isso não se pode generalizar, que o diga Minas Gerais, onde PT e PSDB acabam de fechar um pacto para apoiarem um candidato a prefeito do PSB, provavelmente um secretário do Governo de Minas. Ao que parece, Aécio pretende correr por fora. Em entrevista concedida à revista Carta Capital desta semana o governador diz: “Há um sentimento que carrego comigo há muito tempo de que nós precisamos mudar o eixo da política brasileira. Essa disputa absolutamente radicalizada, com o mero objetivo de alcançar o poder, tem sido nociva ao país”.
Bem, nessa peleja do “toma que o filho é seu”, em nível nacional, Minas Gerais tem usado preservativo e não quer saber de conversa. Mesmo assim o povo quer conhecer o danado do pai. Chamem a CPMI, chamem o Ministério Público, chamem o Ratinho. Afinal de contas, de quem será esse filho: do PSDB, do PT ou da Veja? A história nos contará.
*Luciano Soares
quarta-feira, 9 de abril de 2008
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