Era um caderno de oito páginas que tinha como alvo principal o público jovem. O suplemento, quinzenal, era encartado dentro do jornal, num formato duas vezes menor que a Gazeta. Na época, escrevia o editorial e uma coluna, assinada por um personagem criado por mim, denominado Zé Cri-Crítico. Dois anos depois fui convidado pelo editor para assumir, semanalmente, uma coluna de opinião na própria Gazeta de Minas. De lá para cá não parei mais de escrever.
Já como estudante de jornalismo, encarei esse desafio sem saber direito a responsabilidade que me era atribuída naquele momento. Quando me sentei à frente do computador para digitar as primeiras palavras, não tinha a exata noção das conseqüências e efeitos que poderiam surtir a partir do meu texto. É claro que não estava compondo algo que levasse à revoluções sociais. Não tinha, nem tenho a pretensão de conceber obras do tipo “On The Road” ou “O Manifesto Comunista”, mas, de qualquer maneira, estava escrevendo para milhares de pessoas.
Confesso que não tinha, naquela época, muita noção do poder que as palavras têm. Só consegui medir isso quando o feed back começou a ocorrer, ou seja, quando recebia cartas e e-mails de leitores ou quando era abordado por pessoas nas ruas para comentarem os meus artigos. Aí sim comecei a sentir a responsabilidade que recai sobre o articulista. Ele, sem sombra de dúvidas, é um formador de opinião. As suas idéias servem de referência para a consciência de muitas pessoas acerca de várias coisas.
Durante esse tempo, fui bastante incisivo ao defender os meus pontos de vista, mas nem assim deixar de respeitar as opiniões que diferem às minhas. Não concordar é uma coisa, respeitar é outra. Sempre defendi que em um texto informativo deve haver total isenção por parte do jornalista, mas no texto opinativo o autor tem que ser parcial, tem que colocar as suas opiniões, e ter bons argumentos para defendê-las. Não existe jornalista imparcial, existe jornalista isento.
Na minha coluna nunca deixei de apresentar minhas opiniões, mesmo que nelas estivessem intrínsecos o meu sentimento e o meu ideário social e político. Defender a sua verdade é uma coisa, ser panfletário é outra completamente diferente. Sei que tenho uma grande arma nas mãos e a usarei, sempre que possível, contra injustiças e hipocrisias.
Queria ter o poder de mover multidões, de desencadear grandes movimentos, mudar o mundo com as minhas palavras. Queria ser um Ghandi ou um Luther King, mas sei que não vou entrar para a história como eles. No entanto, ainda assim, procuro dar a minha pequena contribuição. È claro que essa proporção esta para um beija-flor que leva água no bico para apagar um incêndio na floresta, minimamente faço a minha parte.
Hoje já com certa experiência, procuro fazer as coisas com mais cautela, mas sem deixar de ser combativo. Nesses cinco anos procurei não me acovardar ante os fatos, nem me deixei levar pela paixão, fazendo afirmações inconseqüentes. Sempre tomo o cuidado de conferir tudo o que escrevo, e de comprovar certos dados, a partir de várias fontes. Responsabilidade e ética é um dever moral e profissional do autor, e, acima de tudo, é uma forma de respeito pelo leitor.
Hoje, cinco anos depois, já perdi as contas de quantos textos escrevi. Já discorri as minhas redações abordando os mais variados assuntos, mas o melhor de tudo é que, além de ter recebido essa tribuna para falar em nome da minha gente, sempre escrevi com total liberdade. Nunca recebi nenhum tipo de censura por parte do editor, mesmo que as minhas farpas prejudicassem o interesse comercial do jornal. Hoje só tenho a agradecer por ter esse espaço, e saúdo ao meu leitor afirmando que, não sou o dono da verdade, mas me norteio sempre por ideais de liberdade, igualdade e justiça.
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