segunda-feira, 30 de junho de 2014

Heróis por pouco

(Foto: Reuters)


Entre o herói e o vilão, às vezes, há uma linha tênue, formada por uma fração de segundo ou pelo espaço de alguns centímetros - a largura de uma trave, talvez. Foi o que ocorreu com a nossa seleção no último sábado, e que, obviamente, não se aplica a Júlio César, vilão da última copa, e candidato a herói dessa. Depois de um jogo péssimo, todos esses a quem é atribuído o ato de heroísmo, estariam na panela do diabo, caso nosso adversário não tivesse errado aquele pênalti ou o goleiro não tivesse defendido aquelas bolas. 

O juiz errou no gol anulado do Brasil, mas o Hulk também falhou naquela bola que resultou no gol do Chile, e depois ainda errou um pênalti. O rapaz do hiperglúteo ficou entre a cruz e a espada e foi salvo pelo gongo, assim como toda a nossa seleção. Na minha opinião, faltou o dedo do técnico, que parecia perdido entre os dedos táticos do Parreira, e que ora recebe louros por ter bancado a convocação de Júlio César, a contragosto de muitos. 

É bom lembrar que o gol do Brasil foi feito por um chileno, atrapalhado pelo nosso zagueiro, depois de uma cabeçada do outro zagueiro, ou seja, o ataque não funcionou, nem o meio de campo. Às vezes o otimismo suplanta o temor, a vontade supera a deficiência, e a sorte oculta a incompetência, mas é bom o Felipão colocar as barbas (ou o bigode) de molho, porque a parada começa a apertar daqui pra frente. Vamos, Brasil!

sábado, 14 de junho de 2014

O vandalismo dentro do estádio foi pior


Dois fatos negativos marcaram a abertura da Copa do Mundo no Brasil na quinta-feira, 12 de junho. De fora dos estádios os Black Blocks cometiam crimes contra o patrimônio público e privado. Do lado de dentro, os White Blocks, ou o Bloco da Elite Branca, cometia crime contra a pessoa, previsto no Código Penal Brasileiro, ao agredir uma mulher, mãe e presidente da república.

Foi essa mesma elite mal educada, inculta e mesquinha que praticamente ignorou as apresentações das nossas culturais regionais durante a cerimônia de abertura, simplesmente, porque a desconhece, ou não se reconhece nelas, afinal, aquilo é coisa de “povo”.  Provavelmente, personagens dos parques de Orlando-EUA a agradaria bem mais, ou lhe provocaria maior empatia. Por outro lado, o ponto alto da festa lhe causou frisson, quando surgiram as figuras de Jennifer Lopez, do rapper Pitbull, claro, pelo americanismo que eles representam, e da cantora Cláudia Leite, porque a remeteu ao carnaval baiano, onde a mesma elite branca monopoliza os blocos mais caros, isolando-se, por cordas e seguranças, do povo nativo, pobre e preto.

É essa mesma elite que regozija-se de ter o privilégio de estar onde poucos podem entrar, de não ter entre ela quase nenhum negro, que protesta contra as cotas para afrodescendentes nas universidades e qualquer programa social que aproxime os mais pobres do seu patamar. Está aí o motivo do ódio. Essa mulher que tentam ofender foi quem colocou pobre em poltrona de avião, lugar antes privativo dos ricos, e que encheu de “povo” as filas dos caixas de supermercado, com seus carrinhos abarrotados. Eis causa da cólera dos endinheirados.

É essa elite hipócrita que canta à capela o hino que diz “...dos filhos deste solo, és mãe gentil, Pátria Amada Brasil”. Sim, é mãe gentil de filhos mal educados e ingratos. Típicos filhinhos de papai, que ganham tudo de mão beijada e depois criticam o Bolsa Família, dizendo que é preciso ensinar a pescar, ao invés de dar o peixe. São os filhos deste solo, que ganham viajem para a Disney, mas não recebem educação.

E a hipocrisia dessa elite continua ao constatarmos que a mesma presidente da república inaugurou boa parte dos estádios da copa, durante clássicos regionais, inclusive dando o chute inicial das partidas, bem ao centro do campo, com as tradicionais torcidas brasileiras nas arquibancadas, sem receber uma vaia sequer. Ou seja, estamos falando das mesmas torcidas formadas por aqueles que a elite branca chama de “mal educados”.

Agora, só uma pergunta: Onde será que estavam esses burguesinhos quando a nossa presidente era torturada por lutar pela liberdade que esses idiotas ora usufruem, inclusive, para praticarem sua má educação nos estádios?