sábado, 15 de março de 2008

A esperança de uns e o silêncio de outros


Na edição que precedia a virada para o novo ano de 2008, escrevi um artigo cujo título era: “Nossos sonhos serão verdades. O extraordinário tornará cotidiano. O futuro já começou”. Quando o fiz, me vieram todas as utopias que habitam o imaginário das pessoas que vislumbram dias melhores. Mesmo assim procurei manter os pés no chão ao fomentar a esperança de todos naquele pré-revellion, citando, apenas, as várias qualidades que encerrava o país até ali. No entanto, dizer que o Brasil é uma potência latente, uma economia que espera o futuro para desabrochar, é “chover no molhado”, mas não é de todo mentira. Esta semana, uma notícia que poucos jornais tiveram honestidade em divulgar pode provar isso, e mais, foi além de todas as minhas utopias. Quem, entre todos os que estão lendo esse artigo agora poderia imaginar que o Brasil pagaria a sua histórica dívida externa um dia?
Diante da fragilidade que sempre foi a nossa economia e do seu baixo potencial de crescimento, alguém dizer que o Brasil ficaria livre desse mal, que suga anualmente as nossas riquezas, seria motivo de risada. Quantos milhões de dólares deixaram de ser aplicados na nossa educação, na nossa saúde, na qualidade de vida dos brasileiros, para tomarem o rumo do exterior. Obviamente ela não foi paga ainda, mas as reservas internacionais do Brasil, que somam hoje US$ 188,5 bilhões, perto da dívida de cerca de US$ 184 bilhões, nos dá um saldo positivo de cerca de US$ 4 bilhões.
Pela primeira vez na Historia o Brasil deixará de ser devedor para se tornar credor, e isso vai acontecer até o fim deste ano. Calcula-se que no final de 2008 o Brasil terá em caixa US$ 60 bilhões de reservas, contra uma dívida de US$ 50 bilhões.
É, meus amigos, nossos sonhos já “são” verdades. O futuro é agora. O extraordinário tornou-se cotidiano. Muitos estão se contendo, com medo de ser um alarme falso, outros estão torcendo o nariz porque a galinha dos ovos de ouro caiu no colo do Lula. Mas, e daí? Não importa se o pato é macho, eu quero é o ovo. Uma notícia dessas é melhor que ganhar a Copa do Mundo. Imagina: O Brasil, além de não ter que enviar milhões e milhões de dólares para fora, terá dinheiro estrangeiro a receber.
A pergunta é: Porque os jornais não alardearam essa informação como o fizeram com a falsa notícia da compra do dossiê do PSDB pelo PT às vésperas das eleições de 2006? Porque omitiram esse fato já que ele é de interesse nacional? Mais uma vez está provado que a grande mídia está quase toda vendida. A começar pela revista mais “vendida” do Brasil. Essa semana li, num dos maiores jornais de Minas, uma manchete que dizia: “Deputado faz propaganda usando energia irregular”. E na foto o detalhe de um suposto “gato” que roubava energia de um poste para iluminar um outdoor no qual estava exposta a propaganda do tal parlamentar.
Na verdade a publicidade divulgava uma audiência pública contra “a energia mais cara do Brasil”, se referindo ao valor das contas de luz cobradas no nosso estado. Em primeiro lugar, se havia uma irregularidade, ela foi cometida pela empresa que administra os outdoors, não por aquele que a contratou. Segundo: pelo que eu aprendi na faculdade, o jornalista deve priorizar o que é mais relevante enquanto informação. Nesse caso o que é mais interessante aos mineiros: Uma audiência pública que vai debater a mais alta taxa de luz do país ou um “gato” feito por uma firma de outdoor? Provavelmente essa fornecedora de energia, por se tratar de uma estatal, ou o próprio governo, devem ser grandes anunciantes desse jornal.
Em minha opinião, se a justiça desse país funcionar como deve, e punir os corruptos que enxovalham essa noção nação, ninguém segura esse país, pelo menos no que diz respeito à economia. Mas politicamente é necessária uma gestão que saiba distribuir com igualdade a nossa riqueza e dar oportunidades iguais a todos que se propõem contribuir com o crescimento do seu país e de si próprio.
Luciano Soares

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