sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

A crise e suas nuances

A crise mundial, iniciada a cerca de um ano nos Estados Unidos, e que ganhou proporções mundiais de uns meses para cá, já é um fato inconteste. É certo que é meio prematuro fazer uma análise mais profunda das conseqüências dela no Brasil, mas creio que ainda não fomos atingidos com a mesma intensidade de que estão sendo outros países. Vendo a coisa de maneira bem superficial, o que tenho sentido é que os maiores atingidos até agora por aqui são as empresas exportadoras. A recessão vem atrapalhando a venda dos nossos produtos lá fora.

Em relação ao nosso mercado interno, ao que parece, num primeiro momento, as coisas não estão tão ruins assim. Muito pelo contrário, com a queda nas exportações, os preços de produtos como arroz e feijão estão caindo, e com isso as vendas internas podem até aumentar. Há certo otimismo por parte dos comerciantes, e o começo de dezembro já apresentou um aquecimento nas vendas.

“A despeito dos possíveis efeitos da crise financeira no bolso dos consumidores, as expectativas são bastante otimistas, variando de um crescimento entre 8% e 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Na mais movimentada rua de comércio do Brasil, a 25 de Março, a expectativa é de as vendas registrarem uma expansão de 10%. De acordo com a União dos Lojistas da 25 de Março e Adjacências (Univinco), a expansão será praticamente igual à do ano passado. Deve mudar o tíquete médio: com o mesmo valor que as pessoas comprariam três presentes, por exemplo, agora vão adquirir cinco.” É o que diz a matéria da jornalista Patrícia Bull, publicada no site do Diário do Comércio.

O que se vê, portanto, é um terrorismo exagerado espalhado pelos jornais. A impressão que se tem é que eles querem implantar a crise por aqui por sua conta e risco. Tenho visto pessoas comentando por aí: “A crise ta feia hein...” dizem isso com o ímpeto do inconsciente coletivo provocado pela mídia. Na verdade vêem-se pessoas levando a vida normalmente, com o mesmo salário, como o mesmo poder de compra, e reclamando de uma crise que sequer alterou os preços dos produtos que consome, aliás, se alterou, foi para baixo.

Essa mídia, que deveria prestar serviços à nação, o faz de maneira inversa espalhando as velhas más notícias por meio das quais se consegue maiores índices de audiência. Com as notícias de que a crise vai afetar a todos, que as pessoas não devem comprar, acelera-se um processo de recessão sem motivo para isso. É claro que as compras a credito, com pagamento em longo prazo, são um risco diante da atual conjuntura econômica, e certamente devem ser evitadas, mas as compras à vista, ou com prestações a curto prazo, são salutares para a nossa economia. Ao contrário da mídia, os governos de vários países estão incentivando as pessoas a comprarem. Dessa maneira a economia se vê aquecida e o comércio se fortalece e afasta o risco de recessão.

Fatores negativos como demissões infelizmente têm ocorrido principalmente nas empresas multinacionais. Isso acontece justamente por elas atuarem em vários países e por trabalharem com produtos de exportação. A Vale foi um exemplo disso. A empresa anunciou a demissão de 1.300 funcionários, sendo 20% em Minas Gerais. Entre as siderúrgicas, a ArcerlorMittal anunciou que pretende demitir até 9.000 empregados no mundo. A LG demite 500 funcionários na unidade de Taubaté. E por aí vai.

Voltando para o nosso mercado interno, mais especificamente para a economia de Oliveira, o anúncio da possível vinda da Kromberg & Shubert, empresa alemã que aqui instalada geraria 900 empregos diretos, podendo a chegar dois mil em um ano de funcionamento, reacendeu a auto-estima do oliveirense. Caso o prefeito Ronaldo Resende consiga realizar essa façanha, vai reavivar a velha máxima que diz que “é na crise que se cresce”.

Texto: Luciano Soares

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