sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Nasce movimento contra extinção de praça


Teve início essa semana, em Oliveira, um movimento popular contra a demolição e venda da Praça Newton Ferreira Leite - Pracinha da Rodoviária, e pela sua revitalização e preservação, enquanto bem público. O movimento, segundo seus líderes, foi motivado pelo artigo intitulado “Leilão de Jardim”, escrito pelo jornalista Luciano Soares e publicado nos jornais DiaNews e Gazeta de Minas, onde o autor levanta questões pertinentes ao fato.

O objetivo é levar o assunto ao debate público de forma que essa intervenção não seja feita à revelia da vontade do povo. O apelo será feito também diretamente às autoridades, principalmente ao prefeito e vereadores.

Segundo os integrantes do movimento, a atual administração fez um excelente serviço de revitalização das praças XV de Novembro, Manoelita Chagas e Mãe dos Homens, além do Parque do Capão. Essas áreas foram preservadas e melhoradas, e os imóveis dessas regiões valorizados. “O mesmo merecem os moradores da região da Praça da Rodoviária, e não a venda desse espaço público”, defendem.

O problema teve início quando o empresário Lucimar dos Santos fez um apelo, na Câmara Municipal de Oliveira, para que a praça fosse desativada e que o espaço fosse disponibilizado ao comércio. O empresário do ramo de confecções apresentou inclusive um abaixo-assinado aos vereadores a favor da intervenção. Por outro lado, o morador Antônio Umberto Ciatti, cuja residência é bem próxima à praça, também foi à Câmara, mas se opondo à idéia da demolição. Segundo ele, a maioria das pessoas que reside ou trabalha naquela região é contra a demolição e venda da praça. Ciatti disse ainda que as assinaturas apresentadas por Lucimar foram colhidas, em grande parte, dos clientes que frequentam a loja do empresário.

Após a visita de Lucimar dos Santos à Câmara, o vereador Leonardo Ananias Leão entrou com um Anteprojeto de Lei que autoriza o Poder Executivo a desafetar a praça Newton Ferreira Leite de sua destinação original e vendê-la por meio de licitação. O projeto tramita na casa legislativa e já tem a oposição do vereador Walquir Avelar, que pediu que a questão seja levada ao crivo popular. Outra questão polêmica é o fato de a praça já estar sendo demolida antes mesmo do projeto ter sido apresentado na Câmara.

Em material gráfico confeccionado com o intuito de levar a idéia do Movimento ao público, a liderança argumenta que por mais nobre que seja a destinação dos recursos arrecadados com a possível venda do espaço, o atual prefeito tem excelente trâmite com o presidente Lula, com o governador Aécio Neves e com diversos deputados, e não necessita da venda dessa praça para fazer novas obras, conseguindo recursos com o governo federal e estadual. Para eles, com a reforma da Praça da Rodoviária, ganham todos os moradores por desfrutar de um espaço para lazer; os comerciantes, por valorizar a região; e toda a população, por preservar o meio ambiente. Vendendo, o privilegiado será apenas do comprador.

Este panfleto, que conterá também o artigo “Leilão de Jardim”, de Luciano Soares, será distribuído em frente à Praça Newton Ferreira Leite, próximo à Rodoviária, onde os precursores do movimento estarão colhendo assinaturas para um abaixo-assinado em favor da preservação do bem. No mesmo espaço, o movimento pretende receber o apoio e adesão de mais pessoas pela defesa da praça.

domingo, 25 de outubro de 2009

NAQUELE 26 DE OUTUBRO DE 1959

Visto que querem nos derrotar por meio do terror e da fome, apenas temos uma alternativa: defendermos a Pátria

• EM frente do Palácio Presidencial, mais de um milhão de cubanos se tinha reunido naquele 26 de outubro de 1959.

Fidel chegou às 16h18, num helicóptero que sobrevoou essa área da cidade e aterrissou finalmente em frente da Iglesias del Ángel, a um lado do Palácio Presidencial. Sua chegada provocou o frenesi popular. Logo depois, saiu ao terraço norte para presidir o ato, que durou algumas horas, enquanto o clamor popular exigiu constante e veementemente: Paredão!, em clara alusão à necessidade de acirrar o enfrentamento à contrarrevolução.

A indignação pelo covarde ataque aéreo de Díaz Lanz, pelas ações terroristas em execução e pela traição de Hubert Matos despertaram o fervor revolucionário. Os operários proclamaram sua determinação de doar um dia de salário para financiar a compra de armas para defender a Revolução.

Nessa noite, a voz de Camilo e seu discurso aceso, virtualmente seu testamento revolucionário, foi uma denúncia contundente à traição.

A contrarrevolução e o próprio Hubert Matos recorreram às insinuações ou mentiras mais inescrupulosas para criar dificuldades à Revolução, acusando-a de assassina. O fato verdadeiramente insólito era que elaborassem o dossiê da criminalidade dos revolucionários cubanos, quando todos eles, particularmente, Hubert Matos, sabiam com a escrupulosidade que sempre se agiu no tratamento aos prisioneiros e no respeito físico ao inimigo derrotado. Isto explica por que o Che denunciou perante o povo que, ao amparo da liberdade de imprensa e de expressão, a esposa de Hubert Matos tinha publicado uma carta onde insinuava que este seria assassinado numa cela:

(...) Nunca matamos um só prisioneiro de guerra nos momentos mais difíceis. Agora somos acusados de tentativa de assassinato numa cela, de tentativa de assassinato a quem poderíamos levar ao paredão por traidor à Revolução.

Para Raúl, apenas findava um capítulo do filme Três Mosqueteiros: Díaz Lanz, Urrutia e Hubert Matos. Denunciou que, enquanto a contrarrevolução se tornava mais agressiva e perigosa, a punição judicial dos convictos de terrorismo e subversão era lento demais. Em suas palavras finais pediu a Fidel que lembrasse a reinvindicação popular de "sacodir a árvore", referindo-se à necessidade de depurar as estruturas do governo de contra-revolucionários e timoratos.

Fidel anunciou a criação das Milícias Nacionais Revolucionárias (MNRs). Pouco depois da vitória da Revolução externou a determinação de treinar militarmente o povo, se necessário, para defender a Revolução. Em março de 1959, a partir de uma iniciativa do Círculo dos Trabalhadores de San Antonio de los Baños de reunir, em pelotões de milícias, operários, camponeses, estudantes, profissionais e donas-de-casa para protegerem locais de trabalho e centros educacionais da incipiente atividade contra-revolucionária, a formação de embriões das que chegariam a ser as MNRs se espalhou por todo o território nacional. No final de agosto, na gruta de Santo Tomás, surgiu o primeiro e emblemático pelotão de milícias camponesas: Los Malagones. Na verdade, eram 12 camponeseses da província de Pinar del Río, os quais tinham a missão de desmantelar, após um rápido treinamento militar, o bando do ex-cabo Luis Lara Crespo, criminoso da tirania de Fulgencio Batista, condenado à morte e foragido da justiça revolucionária. Fidel lhes tinha dito que se triunfavam, então haveria milícias em Cuba. Numa vintena de dias, o bando de Lara era história.

A Revolução recorreu nessa noite à democracia direta e o povo aprovou o endurecimento d a legalidade para se defender diante da barbárie contrarrevolucionária e da traição.

"Visto que temos que defender a Pátria da agressão — disse Fidel em seu discurso —, visto que estão nos bombardeando, visto que querem nos derrotar por meio do terror e da fome, apenas temos uma alternativa: defendermos a Pátria, e nós somos homens que cumprimos o nosso dever." (Extraído do livro "Gobierno Revolucionario Cubano, primeros pasos", de Luis M. Burch e Reinaldo Suárez).

Fonte: www.Granma.cu

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Leilão de jardim

Leilão de jardim

Quem me compra um jardim com flores?
Borboletas de muitas cores,
lavadeiras e passarinhos,
ovos verdes e azuis nos ninhos?

Quem me compra este caracol?
Quem me compra um raio de sol?
Um lagarto entre o muro e a hera,
uma estátua da Primavera?

Quem me compra este formigueiro?
E este sapo, que é jardineiro?
E a cigarra e a sua canção?
E o grilinho dentro do chão?
(Este é o meu leilão.)

Cecília Meireles

Escutei pela primeira vez, e aprendi esse poema no grupo escolar, quando tinha algo em torno de seis anos. Depois disso, ele sempre habitou o meu imaginário, mesmo já adulto. Lembrava-me apenas das quatro primeiras estrofes, mas elas foram suficientes para mantê-lo vivo na minha memória durante anos. Depois desse tempo não tive mais contato com essas palavras simples que se imortalizaram num cérebro ainda em formação.

Estranho como as coisas acontecem na vida da gente: conheci o Leilão de Jardim de Cecília Meireles ainda criança. Pode ser que ele tenha me marcado de alguma forma, mas não entendo porque ele nunca saiu da minha cabeça. Há poetas que defendem a tese de que poemas não servem para nada. Inclusive, meu amigo e colega de coluna, o poeta Márcio Almeida, costuma dizer que se poema servisse para alguma coisa estaria em gôndola de supermercado. Em parte concordo com ele, mas a sua serventia, creio eu, passa a ser involuntária, às vezes.

Por exemplo: Essa semana queria escrever sobre a Praça da Rodoviária, um jardim público que está sendo demolido para que o local seja leiloado. Antes de começar a escrever me veio o título desse texto: “Leilão de Jardim”. Por isso, me lembrei novamente do poema de Cecília Meireles, e só agora descobri porque ele esteve durante todos esses anos em algum lugar da minha memória. Por mais que o poema não tenha que cumprir esse papel, ele me foi extremamente útil na reflexão que faço a seguir:

A praça que pretendem leiloar é um bem público que vai ser vendido sem que a população sequer seja consultada. E pior: É um jardim com grandes arbustos, construído numa área estratégica da cidade, que poderá dar lugar a um caixote de concreto num futuro bem próximo.

Usou-se para isso a argumentação de que o lugar vem abrigando marginais, e servindo a práticas de sexo explícito e uso de drogas.

Bem, quanto ao sexo, que eles não deixem de fazê-lo, isso é saudável, faz bem para o corpo, para a cabeça, e cura até enxaqueca, aí é apenas uma questão de escolher um lugar mais adequado. Já em relação aos marginais, isso passa a ser um caso de polícia. Agora, se o lugar os está atraindo, algo ali precisa ser mudado, para que a praça não seja mais interessante à prática dos seus delitos. A pouca iluminação, quem sabe.

Não seria o caso de revitalizá-la? De torná-la mais aprazível para as pessoas de bem, e assim manter a qualidade de vida do lugar, a considerar que é por ali que costumam chegar aqueles que vêm conhecer a nossa cidade?

Querem vender um problema antes de tentar resolvê-lo. È como optar por dar um tiro de misericórdia num cãozinho que está acometido por alguns carrapatos.
Será que não há aí um interesse comercial muito forte por trás de tudo? Será que a especulação imobiliária não está querendo transformar o público em privado? Será que aquele grande arbusto terá que dar lugar a um quadrilátero de cimento para abrigar, provavelmente, uma loja de roupas? Isso, só o futuro dirá. Enquanto isso, meu povo assiste passivo ao que poderá ser mais uma triste releitura de Cecília Meireles: “Quem me compra esse jardim com flores?”.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O conceito de cultura

O conceito de cultura pode ser explicado de várias maneiras. A cultura existe desde que o homem é homem, ou que o homem era macaco. Os hábitos adquiridos pelo ser humano, por instinto, necessidade de facilitar a vida ou por questão de sobrevivência, podem ser considerados hábitos culturais. Na medida em que o homem começa a se socializar e viver em grupos, esses hábitos passam a ser comuns entre os indivíduos e muitos deles viram regras.

A partir do momento em que os grupos sociais adquiriram o hábito de usar ferramentas, algumas delas feitas de ossos ou pedras, por conseqüência, a cultura passa a ser instrumentalizada, e a partir desses instrumentos buscou-se facilitar a vida das pessoas. E é à melhora da qualidade de vida dos grupos sociais que a cultura está atrelada há milênios. A partir do momento em que algum instrumento ou hábito, como a agricultura, são criados e imitados por outras pessoas ou outros grupos, cria-se uma cultura.

Cultura, portanto, não se trata apenas de atividades que tenham apelos necessariamente artísticos, folclóricos ou religiosos. Ela está diretamente ligada aos hábitos que passam a ser comuns a certo grupo de pessoas. Muitas vezes o ofício também pode ser considerado uma cultura, por exemplo, a arte de fazer algum tipo de alimento ou artesanato, comuns a certa região. Aí, é claro, isso tem que estar ligado a um conhecimento que é passado de geração a geração.

Cultura nada mais é que uma carga de conhecimentos transmitidos por meio da tradição oral ou por hábitos. Essa tradição, ou esses hábitos, passam a identificar uma cidade ou um lugar qualquer. Pode-se definir cultura por tudo aquilo que identifica um lugar ou um povo.

Quando há um desvirtuamento dessas tradições, ou seja, quando a cultura enraizada começa a receber elementos de outra cultura, que não diz respeito à tradição local, fatalmente essa cultura vai se enfraquecer. Contra isso foram criados mecanismos como, por exemplo, o tombamento, cujo intuito é proteger o patrimônio histórico. Mas é preciso saber que ele não se limita apenas aos bens imóveis, abrange também o chamado patrimônio imaterial, como por exemplo: o congado, a dança, as festas, a música e, principalmente, o conhecimento que é passado de geração para geração.

Muitas vezes, com o intuito de querer melhorar ou modernizar certa tradição, as pessoas acabam contribuindo para o seu fim, na medida em que se modifica velhos hábitos, que de tal importância, passam a ser referência cultural de um lugar. Incorporando novos elementos a certa tradição, algo que não fez parte da história ou da sua evolução natural de certa cultura, é atentar contra a própria qualidade de vida das pessoas. Essa reflexão parte do princípio de que os hábitos criados através do tempo pelos grupos sociais, como dito anteriormente, estão diretamente ligados à busca do homem por uma vida melhor. Não se dança, toca tambor ou se faz teatro, simplesmente, para aparecer ou porque é bonito. A cultura é uma necessidade expressa do homem.