Em meio a todas essas leis, que obviamente variaram no tempo e no espaço, está o frágil ser humano. Um animal dotado de raciocínio, que ora se apresenta brilhante, e noutro momento, confuso e perturbado. O ser humano nasce, cresce e constrói seu caráter com base no seu meio de convívio, na cultura ali estabelecida, em suas vocações e desejos, e nos seus instintos naturais, inexplicáveis, às vezes, até pela ciência.
Foi do encontro dessas normas com o homem instintivo que nasceu o cárcere. Na barbárie histórica dos tempos. Entre calabouços, masmorras, guilhotinas, forcas, cadeiras elétricas e carandirus, há um grande desafio a ser vencido: a coragem de dar ao contraventor uma nova chance. Mais do que um ato de altruísmo, de humanidade, é um tabu a ser quebrado por aqueles que se negam a adotar a tortura, física ou psicológica, como forma de punição. Se imaginarmos que, por si só, a supressão da liberdade já é uma forma de tortura, devolver esse cidadão ao convívio em sociedade passa a ser tarefa quase impossível.
Texto: Luciano Soares.
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