quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Que seja feita a vontade do povo

Sinceramente, não sabia que meu último artigo, publicado há quinze dias nesse mesmo espaço, poderia causar tanta repercussão. Na verdade, a intenção era essa mesmo, ou seja, provocar a sociedade para ela se envolvesse e se posicionasse numa questão que lhe interessa diretamente. Mas às vezes o meu pessimismo me faz desacreditar na capacidade de mobilização das massas dentro da atual conjuntura social, e isso me preocupa às vezes. Escrevi mais com a intenção de me desabafar sobre o caso, ou mesmo de procurar fazer a minha parte como cidadão oliveirense. Em momento algum imaginei que um simples artigo pudesse desencadear qualquer tipo de movimento, mesmo conhecendo o efeito marxista que certo Manifesto pôde causar a várias gerações.

Enganei-me totalmente sobre uma possível inércia da população acerca do caso da Praça da Rodoviária. O povo respondeu ao meu chamamento. Uma série de telefonemas e e-mails, de início, me mostrou isso. Uma dessas ligações dizia respeito a um pedido de autorização para usar o citado artigo num material gráfico que seria usado em um movimento popular em favor da revitalização da Praça. Claro que autorizei. Afinal de contas, já não estava sozinho nessa luta.

Mas embora eu continue a defender a minha opinião sobre o caso, e tenha conseguido fomentar toda essa mobilização em favor de uma causa que eu considero justa, o resultado final, para mim, já não é de todo importante, porque já consegui uma vitória antecipada. Levar a discussão para o meio da sociedade foi um objetivo que consegui alcançar. A população, que até então estava calada e omissa, resolveu mobilizar-se, dar a sua opinião, mesmo que fosse contra a praça. A diferença é que, agora, a opinião é do povo, não apenas de um articulista ou de um empresário. Isso é democracia. A divergência de idéias, o debate aberto e limpo, a participação pública. E é isso que deve permanecer sempre, e é por ela que vou lutar incansavelmente seja contra quem for.

Abordaram-me na rua sugerindo-me idéias do que poderia ser feito no sentido de que a praça fosse salva. A essas pessoas fiz questão dizer: O que me sugerem, façam vocês mesmos. Vocês são o povo, e por vivermos num regime democrático o poder está na mão de cada um de nós. Essa luta que iniciei já não me pertence mais. Ela é do meu povo agora, da minha gente. Sou um mero soldado, não estou no comando. Estive inicialmente no front de batalha, mas agora passei para a retaguarda. Quero participar, mas ao mesmo tempo, faço questão de ver os que me assemelham na causa e na vontade, lutarem também.

Na verdade, acho que já vencemos as primeiras batalhas, ou seja, interrompemos um processo de demolição que já estava em curso, apresentamos um abaixo assinado que se contrapôs ao primeiro, e conseguimos fazer com que um anteprojeto que pedia a desafetação da praça para a sua demolição e venda fosse retido na Câmara. E quando eu digo “nós”, falo daqueles que querem proteger a praça. É claro que há a opinião daqueles que são contra, e que precisa ser respeitada. E é no contraponto que nasce a democracia. E será por meio do processo democrático que chegaremos à decisão final. E independente do resultado, uma vez respeitada a vontade do povo, a democracia prevalecerá, e aí será uma vitória de todos.

Para terminar, gostaria de deixar claro que não tenho pretensões políticas, não tenho ligação com grupos ou agentes políticos, e não há aqui nenhuma opinião influenciada por qualquer outro tipo de força, a não ser aquela que brota da minha consciência e palpita no meu coração. Do ponto de vista ideológico, sou socialista convicto, no entanto, não consigo aplicar politicamente esta condição à Oliveira. Tenho admiradores e críticos, e respeito a opinião de ambos. Mas não vou usar esse valioso espaço para fazer média com ninguém. E sobre as opiniões compradas, ou permutadas, em favor de fulano ou de cicrano, procuro nem desconsiderar. E que seja feita a vontade do povo.

Um comentário:

Giu disse...

Felizes aqueles que informam, levam pão ao povo. Isso me dá uma esperança dolorida e boa...abraço, meu caro