quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Vinte anos depois daquele 1989

O ano de 2009 vem sendo lembrado pelas duas décadas da queda do Muro de Berlim. Pesquisando o contexto histórico da época, descobri que o ano de 1989 ficou marcado por outros acontecimentos também, tanto no Brasil como no mundo. É inegável que o fim da separação das duas alemanhas foi um divisor de águas para a política mundial. O Muro de Berlim era a representação física da Cortina de Ferro – expressão usada pelo primeiro-ministro inglês Winston Churchill para designar a divisão entre as democracias ocidentais e os países comunistas da Europa Oriental. É natural, portanto, que sua queda tenha se tornado o marco simbólico do fim do comunismo. O muro que dividia a capital da Alemanha veio abaixo na noite de 9 de novembro de 1989, sem que um só tiro fosse disparado.
Mas voltemos ao Brasil. Por aqui a música nacional, que começou a traçar novos caminhos no fim dos anos de 1970 e início dos de 1980, perde dois dos mais originais cantores populares da época: Raul Seixas e Luiz Gonzaga. Esses dois ícones da MPB eram considerados, nada mais, nada menos, o pai do rock nacional e o Rei do Baião, respectivamente. Raul morreu dia 21 de agosto de 1989 de pancreatite. Luiz Gonzaga, vítima de uma pneumonia, se foi também no ano de 1989, no Recife, enquanto dormia.
Ainda no campo das artes, outro gênio que também nos deixou nesse fatídico ano foi o pintor espanhol Salvador Dali, que Morreu no dia 23 de janeiro de 1989, aos 84 anos de idade.
É nesse ano também que o Brasil realiza a sua primeira eleição direta para presidente, desde a vitória de Jânio Quadros em 1960. Na época o pleito teve a disputa de 22 candidatos, indo a segundo turno Lula e Collor. Durante essa disputa, um pool de emissoras (Rede Bandeirantes, Rede Globo, Rede Manchete e SBT) realizou dois debates entre os candidatos. No Jornal Nacional do dia seguinte, um desses debates (o segundo) foi editado de uma forma em que o candidato Collor parecia ter se saído melhor do que Lula. A coisa foi tão escandalosa que o então chefe de jornalismo da Rede Globo, Armando Nogueira, o qual não estava sabendo da trama, foi até a casa do dono da TV, Roberto Marinho, para pedir demissão na mesma noite. Muitos atribuem a vitória de Collor na eleição devido a esse fato específico.
Já no contexto mundial, em 1989 um anônimo entrou para a história, ao demonstrar para o mundo que ainda é possível encontrar heróis. Armado apenas de seu próprio corpo, ele tentou deter a fileira de tanques que avançava rumo à Praça da Paz Celestial, em Pequim, onde centenas de estudantes pediam liberdades democráticas. Duzentos manifestantes foram massacrados pelo Exército. Mas sua luta não foi em vão: ao se dar conta de que o país virara uma panela de pressão pronta a explodir, o regime destampou algumas válvulas.
O certo é que quase vinte anos depois, a China é a economia mais pujante do planeta, mas ainda sustenta a ditadura do partido único. Por aqui, aquele líder operário barbudo, escrachado pela Globo e pela elite burguesa naquele 1989, veio a ser o presidente do Brasil, e melhor do que isso, se destaca como um dos maiores líderes mundiais da atualidade e pode deixar o governo como um dos, se não o melhor presidente da história desse país. Como as coisas mudam em vinte anos. Aquele Brasil que ainda carregava as cicatrizes de duas décadas de ditadura e que constituía a célula de uma provável democracia, lá pelos idos de 1989, agora posa de grande potência. Empresta dinheiro ao FMI, e além de não dever ninguém, ainda tem uma grana danada de reserva e, detalhe, depois de enfrentar uma das maiores crises econômicas da história. De quebra, temos bilhoes de barris de petróleo a explorar no Pré-Sal e vamos sediar uma olimpíada e uma copa do mundo. Utopia? Não. Realidade. E apesar dos muitos problemas que ainda precisamos resolver, já não somos mais o velho país do futuro. Para nós o futuro já chegou. Em vinte anos muita coisa mudou. Salve 2009!

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