
Nessa copa,
Nem um copo de cerveja
Nem cachaça, nem garrafa na mesa da copa ou da sala.
Nessa patética pátria com o seu patriotismo de ocasião, serei apátrida.
Na maravilhosa, excêntrica e cosmopolita África do Sul
Torcerei para mama, Mama-África, mama cadela, pátria preta e branca de Mandela.
Rei dos reis.
Guerreiro, vencedor, campeão entre brancos e pretos.
Seu legado vai além das tribos, das savanas, dos desertos do continente negro.
Por aqui, patriotas alvoroçados, vestidos de amarelo, num orgulho fugaz que começa com uma bola na rede e termina com um pôster na parede, não passam de marionetes, manipuladas por quem se apoderou do nosso futebol.
Da arte moleca a produto de exportação. De futebol de várzea a espetáculo de televisão.
Nossos moleques, que corriam pelos empoeirados campinhos de futebol, agora são escravos de marcas e de clubes milionários.
Nós, os patéticos espectadores, somos alvos bombardeados por comerciais de TV, enquanto nos vemos atados pelas amarras de um espetáculo de homens e bola.
Panis et circense, pão e circo aos alienáveis e, aos vencedores, as batatas. Rufles, de preferência. Enquanto babamos numa mulher gostosa com uma garrafa de cerveja gelada, e nos gargalhamos com uma piada sem graça no final, a bola continua rolando, e com ela, nossas cabeças.
Enquanto consumimos o espetáculo bilionário, tanto quanto nos consomem os cérebros, na condição de potenciais consumidores. Débeis e sensíveis cérebros, que já não nos pertencem mais. Nossas massas encefálicas jazem nas mãos daqueles para quem nos vendemos por um pedaço de osso chamado televisão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário