segunda-feira, 31 de maio de 2010

Apátrida em pátria de patéticos patriotas


Nessa copa,
Nem um copo de cerveja
Nem cachaça, nem garrafa na mesa da copa ou da sala.

Nessa patética pátria com o seu patriotismo de ocasião, serei apátrida.
Na maravilhosa, excêntrica e cosmopolita África do Sul
Torcerei para mama, Mama-África, mama cadela, pátria preta e branca de Mandela.

Rei dos reis.
Guerreiro, vencedor, campeão entre brancos e pretos.
Seu legado vai além das tribos, das savanas, dos desertos do continente negro.

Por aqui, patriotas alvoroçados, vestidos de amarelo, num orgulho fugaz que começa com uma bola na rede e termina com um pôster na parede, não passam de marionetes, manipuladas por quem se apoderou do nosso futebol.

Da arte moleca a produto de exportação. De futebol de várzea a espetáculo de televisão.

Nossos moleques, que corriam pelos empoeirados campinhos de futebol, agora são escravos de marcas e de clubes milionários.
Nós, os patéticos espectadores, somos alvos bombardeados por comerciais de TV, enquanto nos vemos atados pelas amarras de um espetáculo de homens e bola.

Panis et circense, pão e circo aos alienáveis e, aos vencedores, as batatas. Rufles, de preferência. Enquanto babamos numa mulher gostosa com uma garrafa de cerveja gelada, e nos gargalhamos com uma piada sem graça no final, a bola continua rolando, e com ela, nossas cabeças.

Enquanto consumimos o espetáculo bilionário, tanto quanto nos consomem os cérebros, na condição de potenciais consumidores. Débeis e sensíveis cérebros, que já não nos pertencem mais. Nossas massas encefálicas jazem nas mãos daqueles para quem nos vendemos por um pedaço de osso chamado televisão.

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