Os poderes, legislativo e executivo, de Oliveira, vez por outra, nos brindam com competições das mais insólitas protagonizadas por seus políticos. Muitas vezes a obsessão pela vitória no jogo do poder leva seus protagonistas a extremos, que postergam a própria democracia.
Nesse jogo, cada partida é uma emoção diferente. Atualmente, seus jogadores principais travam uma guerra particular por causa de alguns documentos que um se nega a entregar para o outro. Mas há quem diga que o capítulo anterior fora mais emocionante. Vamos a ele.
O adversário tinha sobre o tabuleiro a maioria das peças. O rei do executivo tinha a seu favor quatro, das dez peças envolvidas no jogo. Peões, bispos e torres adversárias marchavam em sua direção, na tentativa de derrubá-lo. O rei do legislativo, ou o presidente da câmara, pediu ao plenário a cassação do rei do executivo, ou do prefeito. Entendia ele que seu adversário infringiu os artigos 258 e 259 do Regimento Interno ao deixar de responder dois pedidos de informação. Foi dado, portanto, o chute inicial para um dos maiores clássicos dessa batalha legislativo x executivo.
Começa a armação das jogadas que irão definir o vencedor. De um lado o Rei “negro”, representado pelo prefeito, tendo ao seu lado, apenas a rainha, nomeada procuradora do município, as outras peças caíram diante da força do adversário. Do outro lado, o rei “branco”, o presidente da câmara. Este, por sua vez, poderia contar com um bispo, uma torre, um cavalo e um peão.
A rainha entra em cena para defender o rei. Convocada pelo grupo adversário a prestar esclarecimentos sobre a dívida ativa do município, a procuradora argumentou que só responderia a questões apresentadas pelos vereadores devidamente inscritos, conforme reza o regimento. A postura da rainha anulou a primeira jogada do adversário, uma vez que só poderiam participar as peças inscritas 48 horas antes do início do jogo.
Numa segunda tentativa, os adversários conseguiram pôr em xeque o rei do executivo. Posicionaram as peças e esperaram a jogada da dupla de preto para armarem o xeque-mate. Nessa nova estratégia os vereadores da casa votaram pela abertura do processo de cassação contra o alcaide. O jogo era desleal já que o rei “preto” tinha a minoria das peças. De todas as formas ele tentava se desvencilhar do cerco feito entorno de si. A rainha buscava imaginar possíveis jogadas, mas pouco se podia fazer.
Foi votada a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias contra o prefeito. O cerco apertava. Passada a primeira jogada, era hora de a rainha entrar em cena para defender o rei. Um erro elementar do adversário foi determinante para a virada de mesa. Como autor da denúncia, o presidente da câmara não poderia votar. Sabendo disso, ele não o fez. No entanto, ao redigir a ata da reunião em que fora criada a CPI, o secretário da casa acabou atribuindo-lhe um voto, favorável à criação da comissão. Esse deslize punha em xeque a eficiência da própria estratégia. E, posteriormente, contribuiria para a completa derrocada do grupo opositor. Uma peça fora do lugar foi um detalhe que nem mesmo o articulador da jogada pôde perceber, mas a rainha viu, e encontrou ali uma saída.
Ao notar que constava na ata um voto do denunciante, a rainha não teve dúvidas de que existia ali uma esperança quanto à sobrevivência do rei. Era uma carta que passou a ter na manga, mas esperou o momento certo para usá-la. No entanto, o rei “branco” ainda tinha uma jogada e, por meio dela, poderia sanar o erro. A ata em que constava um voto seu seria lida na reunião seguinte, e a partir dessa leitura, ele poderia constatar o equívoco e consertá-lo. Mas, do outro lado do tabuleiro, as peças brancas acabaram se confundindo e distraíram-se enquanto o documento era lido, e o erro passou batido. A ata foi aprovada sem que o deslize pudesse ser revisto.
Contudo, o rei “branco” prosseguiu a jogada. Não viu que existia ali uma saída para o seu oponente. E o xeque-mate, que estava perto de acontecer, virou um tiro que saiu pela culatra. Era, portanto, a vez da dupla de preto contra-atacar. A procuradora do rei tirou da manga a carta que guardava. Pediu uma cópia autenticada da ata da reunião em que foi votada a abertura da CPI. Com a prova da irregularidade nas mãos, denunciou a ilegitimidade do documento em vista de um voto que não poderia ser computado, por uma questão regimentar. A jogada derrubou todas as peças adversárias, e o rei do executivo manteve-se de pé, mesmo depois de um quase inevitável xeque-mate.
A disputa continua, mas, no jogo do poder, assim como em várias outras competições, se ganha nos detalhes.
Nesse jogo, cada partida é uma emoção diferente. Atualmente, seus jogadores principais travam uma guerra particular por causa de alguns documentos que um se nega a entregar para o outro. Mas há quem diga que o capítulo anterior fora mais emocionante. Vamos a ele.
O adversário tinha sobre o tabuleiro a maioria das peças. O rei do executivo tinha a seu favor quatro, das dez peças envolvidas no jogo. Peões, bispos e torres adversárias marchavam em sua direção, na tentativa de derrubá-lo. O rei do legislativo, ou o presidente da câmara, pediu ao plenário a cassação do rei do executivo, ou do prefeito. Entendia ele que seu adversário infringiu os artigos 258 e 259 do Regimento Interno ao deixar de responder dois pedidos de informação. Foi dado, portanto, o chute inicial para um dos maiores clássicos dessa batalha legislativo x executivo.
Começa a armação das jogadas que irão definir o vencedor. De um lado o Rei “negro”, representado pelo prefeito, tendo ao seu lado, apenas a rainha, nomeada procuradora do município, as outras peças caíram diante da força do adversário. Do outro lado, o rei “branco”, o presidente da câmara. Este, por sua vez, poderia contar com um bispo, uma torre, um cavalo e um peão.
A rainha entra em cena para defender o rei. Convocada pelo grupo adversário a prestar esclarecimentos sobre a dívida ativa do município, a procuradora argumentou que só responderia a questões apresentadas pelos vereadores devidamente inscritos, conforme reza o regimento. A postura da rainha anulou a primeira jogada do adversário, uma vez que só poderiam participar as peças inscritas 48 horas antes do início do jogo.
Numa segunda tentativa, os adversários conseguiram pôr em xeque o rei do executivo. Posicionaram as peças e esperaram a jogada da dupla de preto para armarem o xeque-mate. Nessa nova estratégia os vereadores da casa votaram pela abertura do processo de cassação contra o alcaide. O jogo era desleal já que o rei “preto” tinha a minoria das peças. De todas as formas ele tentava se desvencilhar do cerco feito entorno de si. A rainha buscava imaginar possíveis jogadas, mas pouco se podia fazer.
Foi votada a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias contra o prefeito. O cerco apertava. Passada a primeira jogada, era hora de a rainha entrar em cena para defender o rei. Um erro elementar do adversário foi determinante para a virada de mesa. Como autor da denúncia, o presidente da câmara não poderia votar. Sabendo disso, ele não o fez. No entanto, ao redigir a ata da reunião em que fora criada a CPI, o secretário da casa acabou atribuindo-lhe um voto, favorável à criação da comissão. Esse deslize punha em xeque a eficiência da própria estratégia. E, posteriormente, contribuiria para a completa derrocada do grupo opositor. Uma peça fora do lugar foi um detalhe que nem mesmo o articulador da jogada pôde perceber, mas a rainha viu, e encontrou ali uma saída.
Ao notar que constava na ata um voto do denunciante, a rainha não teve dúvidas de que existia ali uma esperança quanto à sobrevivência do rei. Era uma carta que passou a ter na manga, mas esperou o momento certo para usá-la. No entanto, o rei “branco” ainda tinha uma jogada e, por meio dela, poderia sanar o erro. A ata em que constava um voto seu seria lida na reunião seguinte, e a partir dessa leitura, ele poderia constatar o equívoco e consertá-lo. Mas, do outro lado do tabuleiro, as peças brancas acabaram se confundindo e distraíram-se enquanto o documento era lido, e o erro passou batido. A ata foi aprovada sem que o deslize pudesse ser revisto.
Contudo, o rei “branco” prosseguiu a jogada. Não viu que existia ali uma saída para o seu oponente. E o xeque-mate, que estava perto de acontecer, virou um tiro que saiu pela culatra. Era, portanto, a vez da dupla de preto contra-atacar. A procuradora do rei tirou da manga a carta que guardava. Pediu uma cópia autenticada da ata da reunião em que foi votada a abertura da CPI. Com a prova da irregularidade nas mãos, denunciou a ilegitimidade do documento em vista de um voto que não poderia ser computado, por uma questão regimentar. A jogada derrubou todas as peças adversárias, e o rei do executivo manteve-se de pé, mesmo depois de um quase inevitável xeque-mate.
A disputa continua, mas, no jogo do poder, assim como em várias outras competições, se ganha nos detalhes.
2 comentários:
Dizem que peão não derruba Rei adversário. Será que não???
O jogo da vida tem surpresas em cada horizonte!!!
Reis - meninoreis@oi.com.br
Dizem que peão não derruba Rei adversário. Será que não???
O jogo da vida tem surpresas em cada horizonte!!!
Reis - meninoreis@oi.com.br
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