segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

2010 já começou


A corrida eleitoral para a presidência da República em 2010 é pauta quente no meio político brasileiro. Por enquanto, três nomes já estão entre os personagens do pleito do ano que vem: Dilma Rousseff (PT), José Serra e Aécio Neves, ambos do PSDB. No caso dos dois pretensos candidatos tucanos, esses terão que se transformar em um. Segundo a lei da lógica partidária, dois candidatos à presidência da República não ocupam o mesmo lugar num partido. Portanto, no espreme-espreme do PSDB, um vai ter que dar lugar ao outro, e essa é uma briga que está dando o que falar.

O PT vem apostando e construindo um dos poucos nomes que sobraram no partido para uma possível sucessão de Lula. Obviamente que entre os petistas há outras alternativas, como Eduardo Suplicy, Aluísio Mercadante e a própria Marta Suplicy, que recentemente perdeu a prefeitura de São Paulo, mas nenhum deles tem tanta proximidade no governo com o presidente quanto a ministra. Por mais que a lógica da transferência de votos possa não dar resultado, o PT ainda aposta que a ótima popularidade do presidente Lula vá refletir na candidatura de Dilma. Aliado a isso, o governo tem dado à ministra da Casa Civil o mérito da maternidade do PAC, e as inaugurações das obras do Plano têm se tornado um verdadeiro palanque eleitoral para Dilma, haja visto a gafe que a ministra cometeu em seu discurso durante um evento de vistoria de obras do PAC ao chamar a cerimônia de “comício”.

Mas a parte mais interessante dessa disputa política, por enquanto, está do outro lado. Aécio e Serra travam uma guerra fria na briga pela vaga a candidatura pelo seu partido, e revivem, no seio do PSDB, a “Política do Café com Leite”, quando na velha república, Minas e São Paulo se alternavam no comando do Palácio do Catete. E assim vai: De um lado o Governador de São Paulo trouxe o DEM, velho parceiro dos tucanos, para seu lado, ao apoiar a candidatura de Gilberto Kassab à prefeitura da Terra da Garoa. A atitude desagradou Geraldo Alckmin, pretenso candidato do PSDB ao mesmo cargo. Magoado com a bancada paulista, Alckmin vai para o lado de Aécio Neves. O governador de Minas, na contramão do ideário político nacional, faz aliança com o PT mineiro para apoiar a candidatura de Márcio Lacerda do PSB à prefeitura de BH.

A briga esquentou recentemente quando José Serra, num golpe de mestre, dá a Secretaria de Desenvolvimento do seu governo a Geraldo Alckmin. A jogada irritou Aécio que, além de perder um aliado, viu seu oponente crescer com um nome forte do partido ao seu lado. No dia da disputada posse do novo secretário, que contou com a presença da alta cúpula do PSDB e do DEM, Aécio Neves viaja para os Estados Unidos sem sequer se despedir do recém empossado ou daquele que o empossou.

A coisa vai ficando mais difícil para o governador mineiro na medida em que o PSDB nacional procura apoiar os candidatos do PMDB às presidências da câmara e do senado, e caso essa aliança entre PSDB e PMDB vingue, provavelmente os tucanos darão a vaga de vice, na disputa do pleito de 2010, a um candidato do PMDB. Isso seria ruim, inclusive, para o PT, que tem os peemedebistas como aliados desde o início do governo Lula, e isso se fortalece na pessoa do vice-presidente José Alencar. No caso da disputa de Serra contra Dilma, pode-se dizer que mais uma vez Minas briga com São Paulo, já que a ministra é mineira.

Sobre o destino de Aécio Neves em 2010, há as mais distintas e variadas apostas. Creio que dificilmente Aécio será o candidato do PSDB, por mais que haja prévias no partido. Serra, além de ter o apoio da cúpula tucana, tem boa vantagem nas pesquisas. Uma das saídas para Aécio seria desincompatibilizar-se do PSDB e lançar-se majoritariamente pelo PMDB, caso esse partido não feche com os petistas ou com os tucanos. Outra alternativa seria o próprio PSB, de Ciro Gomes e do prefeito eleito de Belo Horizonte, cuja vitória deve-se muito ao governador de Minas.

O próprio Aécio já admitiu a possibilidade de ele sair candidato a outros cargos, como senador, por exemplo, No entanto, abandonar o sonho de disputar a cadeira de Presidente da República - lugar que o avô conquistou, mas não ocupou - será, no mínimo, frustrante para o governador. Mas na política tudo pode acontecer. O melhor é aguardar os próximos capítulos dessa novela que está longe de ter um final que agrade a gregos e tucanos.

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