segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

A magia do cinema


Imediatamente após sair do Center Cine, e hoje digo com orgulho, “do cinema de Oliveira”, onde fui assistir a tradicional sessão nostalgia de toda terça-feira, sento-me para escrever essas breves linhas. Geralmente escrevo nas terças, e quando o faço após a sessão de cinema, sinto que as idéias fluem mais rapidamente, a memória funciona melhor e a inspiração fica mais presente.

A arte nos proporciona isso. Ela nos leva a refletir sobre nós mesmos e isso facilita quando nos propomos a analisar as pessoas ou o mundo também. Sempre sinto que saio do cinema um pouco diferente de quando entrei, mesmo que o filme não seja tão bom. Talvez não saiba descrever exatamente o que é, mas posso dizer que é um estado de graça, um devaneio que choca com a realidade que deixei lá fora. Creio que é isso, entrar numa sala de cinema para assistir um filme é um afastar-se da realidade, ou enxergá-la sob outro ponto de vista. Estando ali, você não só vê, como se coloca sem querer no ambiente do filme. O cinema tem esse poder. Algo que não acontece quando você está assistindo um filme "em casa em casa. O escurinho, a telona, aquele som grave que nos penetra os ouvidos, e que , por sua vez, nos faz penetrar na tela e viajar nesse mundo alucinante que é o cinema.

Certa vez, quando devia ter os meus catorze anos, entrou em cartaz no Cine Vitória o filme "La Bamba". Fiquei alucinado. Tinha praticamente todas as músicas que formam a trilha sonora daquele filme. No início da minha adolescência era fanático com Elvis Presley e todos aqueles que fizeram parte do movimento Rockabilly: Bill Haley, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, entre outros, e o próprio Ritchie Valens, cujo filme é baseado na sua história. Naquele dia liguei para todos os meus amigos, e por incrível que pareça não consegui falar com nenhum. Queria que eles também fossem, afinal, eles também curtiam o rock dos anos 50. Quando cheguei ao cinema o filme já havia começado. Aquela obra me remeteu há um tempo e espaço que sempre habitaram o meu imaginário quando ouvia as músicas. Ao final da sessão, quando as luzes foram acesas, descobri que todos os meus amigos estavam lá. Chegaram uma hora antes do início e, segundo os próprios, sentiram a mesma coisa que eu.

Sinceramente, não me agradam os filmes comerciais, ou Hollywoodianos, por mais bem produzidos que sejam, tem sempre alguma coisa de Sessão da Tarde, cheios de clichês e estereótipos. Na medida do possível tenho assistido alguns filmes não-americanos. Os iranianos são ótimos. Uma boa dica é Fora do Jogo. O filme conta a história de meninas fanáticas por futebol que são proibidas de entrar no estádio para ver o jogo Irã e Bahrein, que definiria a classificação do país para a Copa da Alemanha, em 2006. Aproveito para dar outras dicas então: “A Banda”, co-produção de Israel, França e EUA. Perfeito. Uma pequena banda da polícia egípcia chega a Israel para fazer uma apresentação. Porém, são esquecidos no aeroporto e vão parar numa pequena e quase esquecida cidade israelense, em algum lugar no coração do deserto; “A Culpa é do Fidel!”. Produção francesa. A mudança para o Chile, do recém-eleito Salvador Allende, muda por completo os hábitos da família da pequena Anna, de nove anos, que se opõe às idéias dos barbudos comunistas que freqüentam a sua casa; Banheiro do Papa”, co-produzido por Brasil, Uruguai e França. O Papa está prestes a chegar à pequena cidade de Melo, na fronteira do Brasil com o Uruguai. Querendo faturar em cima do movimento que o evento trará, um contrabandista decide construir um banheiro; Lemon Three, co-produção de Israel, Alemanha e França: Uma viúva Palestina vê sua plantação de limões ser ameaçada quando o Ministro de Defesa de Israel se muda para a casa ao lado. A Força de Segurança Israelense logo declara que os limoeiros de Salma colocam em risco a segurança do ministro e por isso precisam ser derrubados. Salma leva o caso à Suprema Corte de Israel para tentar salvar a plantação.

É isso aí, a arte para mim é tão essencial quanto um prato de comida. Ela é a afirmação de que tão importante quanto a nossa capacidade de raciocínio, é a certeza de que somos capazes de nos emocionar.

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